Se você está procurando informações confiáveis sobre angiomiolipoma, está no lugar certo. Neste guia completo, exploraremos tudo o que você precisa saber sobre esse tipo de tumor renal.
A palavra tumor deixa você preocupado? Acalme-se! O angiomiolipoma é um tumor benigno que ocorre principalmente nos rins. Embora seja considerado uma condição rara, é importante entender o que é, quando se preocupar e as formas de tratamento.
Você descobrirá como o angiomiolipoma pode afetar sua saúde. Compreender sobre as características do angiomiolipoma e os caminhos para lidar com ele ajudará você a tomar decisões informadas em relação ao seu tratamento.
Meu nome é Vítor Eugênio Ribeiro, sou Urologista e Uro-oncologista (CRM: 75.054 / RQE: 60.679), especializado em Cirurgia Robótica e dedico grande parte da minha atuação à ajudar pacientes com câncer em busca da sua cura. Espero que aproveite a leitura e estou à disposição para te atender em consulta caso necessário.
Não é o que está procurando? Se você estiveja interessado em saber sobre cistos, nódulos e câncer renal, escrevi sobre isso em outro artigo: Cisto e Nódulo no Rim: quando se preocupar com Câncer.
O que é o angiomiolipoma
Os angiomiolipomas são tumores benignos raros constituídos predominantemente de gordura e vasos sanguíneos.
Eles podem aparecer em diversos órgãos diferentes ou até simultâneamente, o órgão mais frequentemente acometido é o rim, mas também pode surgir no fígado, cordão espermático, adrenais, pancrêas, etc.
Os angiomiolipomas podem ser esporádicos ou serem associados à doenças genéticas, principalmente na Esclerose Tuberosa. O tipo esporádico é mais comum (80%), acomete mais frequentemente mulheres do que os homens (2-4:1), geralmente à partir dos 40 anos de idade. Os angiomiolipomas hereditários geralmente surgem em pacientes mais jovens, podem acometer os dois rins e também outros órgãos.
Angiomiolipoma é grave?
A maioria das vezes os angiomiolipomas são assintomáticos e acabam sendo descobertos acidentalmente por exames de imagem solicitados por outros motivos.
Quando sintomáticos, geralmente estão associados à quadros mais graves, como angiomiolipomas grandes, especialmente maiores que 4-6 cm.
As lesões maiores que 4 centímetros, em mulheres grávidas ou em idade fértil são mais preocupantes pois podem apresentar hemorragia espontânea retroperitoneal, podendo necessitar inclusive de cirurgia de emergência.
Outros sintomas possíveis são dor abdominal, anemia, massa palpável no abdome ou flanco, sangramento na urina e hipertensão renovascular.
Exames de imagem
De forma diferente de outros tipos de lesões renais benignas, o diagnóstico de angiomiolipoma renal pode ser confirmado por exames de imagem, sem precisar necessariamente de cirurgia ou biópsia.
O pilar do diagnóstico está em identificar gordura macroscópica nas lesões suspeitas, isso pode ser feito por diversas formas.
Angiomiolipoma no Ultrassom.
Os angiomiolipomas geralmente aparecem como lesões hipoecogênicas e com reforço acústico posterior no ultrassom, porém, pode ser difícil diferenciar essas lesões do câncer renal de células claras por esse método.
Angiomiolipoma na Tomografia.
A maioria dos angiomiolipomas renais demonstra gordura macroscópica, com densidades menores que -20UH, o Carcinoma Renal de Células Claras raramente apresenta essas características.
Por outro lado, cerca de 5% dos angiomiolipomas são lesões pobres em gordura, podendo não ser diferenciados com segurança de outros tipos de lesões , dessa forma, podem ser descobertos após a cirurgia.
Angiomiolipoma na Ressonância Magnética
A ressonância magnética é um excelente método para detectar angiomiolipomas.
O exame também detecta o componente de gordura característico, mas também pode ajudar na diferenciação de lesões pobres em gordura através da perda de sinal (Chemical shift signal). Em casos duvidosos, a biópsia renal percutânea pode ser útil.
Angiomiolipoma desaparece?
Os angiomiolipomas são lesões sólidas renais e dificilmente desaparecem sem alguma forma de tratamento.
Angiomiolipoma cresce rápido?
A maioria dos angiomiolipomas possui crescimento lento ou estabilidade, podendo inclusive ser acompanhados por longos períodos.
O crescimento varia conforme a apresentação, sendo os casos esporádicos de evolução mais lenta. Estudos de séries de casos monstraram um crescimento anual de aproximadamente 1.25 cm/ano para os angiomiolipomas associados à Eslcerose Tuberosa versus 0.19 cm/ano para casos de angiomiolipoma esporádico.
Angiomiolipoma pode virar câncer?
A imensa maioria dos angiomiolipomas são benignos e não possuem o potencial de gerar metástases.
Por outro lado, existe um subtipo raro de angiomilipoma chamado de Epitelipoide, representando menos de 1% de todos os casos de tumores renais, que se comporta de maneira agressiva. Essas lesões geralmente se apresentam maiores que 7 cm ( 10cm em média) e geralmente são pobres em gordura, sendo parecidas com o Carcinoma Renal de Células Claras.
Tratamento do Angiomiolipoma
O tratamento do angiomiolipoma deve considerar especialmente o risco de sangramento, o tipo de angiomiolipoma (hereditário ou esporádico) e o acesso à serviços de saúde.
Acompanhamento e vigilância ativa
De forma geral, o tratamento de escolha na maioria dos casos é o acompanhamento ou vigilância ativa. Nesse contexto, são realizados exames de imagem periódicos para avaliar o crescimento e, se for necessário, intervir no momento adequado. A maioria dos pacientes que realizam o seguimento não vão precisar de tratamentos invasivos.
Por outro lado, nos pacientes com alto risco de ruptura (ex: mulheres em idade fértil), nos pacientes sintomáticos e em pacientes sem acesso adequado aos serviços de saúde o tratamento deve ser feito, dando prioridade à metodos minimamente invasivos e poupadores de rim, com destaque para a angioembolização e nefrectomia parcial.
O tamanho das lesões é um parâmetro importante e sabemos que tumores maiores possuem maior risco de sangramento e complicações, porém, o valor isoladamente não define o tratamento e mesmo lesões maiores que 4 cm podem ser acompanhadas e não apresentar progressão. Outros fatores que podem ser levados em consideração são crescimento maior que 0,25cm/ano e aneurismas intratumorais maiores que 5mm.
Angioembolização
A angioembolização é o tratamento de escolha em caso de hemorragias espontâneas inesperadas, visto que, uma cirurgia nessas condições possui enormes chances de remoção total do rim.
Além disso, é um tratamento com baixa taxa de complicações e também pode ser utilizado de forma programada. As vantagens dessa forma de tratamento em relação à cirurgia incluem menor agressividade e índice de complicações. No entanto, o tratamento pode ser menos eficaz, com maior nível de recorrência e uma taxa de retratamento que pode chegar à 25-30%.
Cirurgia: nefrectomia parcial
A cirurgia é uma forma muito efetiva de tratar os angiomiolipomas e sempre que considerada deve-se priorizar técnicas poupadoras de rim e , se disponível, técnicas minimamente invasivas como a cirurgia videolaparoscópica ou robótica.
Nessa técnica, é retirado uma pequena parte do rim contendo o angiomiolipoma com preservação do parênquima renal restante. O uso de técnicas mais modernas diminuiu muito as taxas de complicações, acelerou a recuperação e possibilitou um retorno rápido as atividades usuais dos pacientes.
A cirurgia é um tratamento mais agressivo que a angioembolização, mas também possui menores taxas de retratamento.
Medicamentos
Sabia que é possível tratar e até diminuir o tamanho do angiomiolipoma com remédios?
O tratamento de angiomiolipomas em pacientes com Esclerose Tuberosa possui um tratamento que pode reduzir em mais de 50% o tamanho das lesões em pacientes com a mutação genética.
Essa é uma forma importante de tratamento nesses pacientes, já que eles possuem uma chance maior de recorrência e de apresentar tumores múltiplos, dificultando tratamentos com a angioembolização e a cirurgia.
O medicamento utilizado com mais frequência se chama Everolimus, é um imunossupressor da categoria dos inibidores da mTOR, usado no tratamento de alguns tipos de câncer. Essa medicação é mais eficaz e estudada em pacientes com Esclerose Tuberosa, porém, é importante ressaltar que nem todos os pacientes vão apresentar uma resposta satisfatória e ela está associada à efeitos colaterais.
Conclusão
Apesar de ser uma doença relativamente rara na população em geral, os angiomiolipomas representam parcela significativa dos tumores renais benignos. Sua apresentação é variada, podendo se apresentar de forma esporádica ou hereditária associada à Esclerose Tuberosa.
Apesar de ser uma doença benigna possui o risco de complicações graves como o choque hemorrágico em casos específicos. Existem diversas formas de tratamento que variam desde acompanhamento até cirurgia.
É importante que você esteja acompanhada por um médico que entenda bem do assunto, conheça os riscos e benefícios de cada tipo de tratamento e as características da doença. Não existe “receita de bolo” se tratando de angiomiolipomas e o manejo tem que considerar as particularidades únicas de cada paciente.
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Referências
Renal angiomyolipoma – Radiopaedia
Renal Cell Carcinoma – EAU Guideline